Entre ter e nada.

Tenho em mim uma raiva que não cessa,
um ódio que cresce como que indignado, indignação.
Indignação e ódio que andam juntos aqui,
um chama o outro, o outro chama um
quando vejo o lixo que passa por nossos narizes,
por baixo dos nossos olhos,
dentro de nós e em nós.

Afinal o que somos e o que fazemos?
Ou melhor, o que faremos?

Tenho em mim uma dúvida que não cessa,
uma incerteza que cresce e não se cala.
que vira gente, e gente grande!
que não morre, até que a matem, a sanem.

Tenho um grito alto, preso e falho,
como que espera fugir da prisão que faço.
Desfaço e grito, pr'um mundo surdo ouvir.
Um mundo surdo e cego, cansado e calejado
incapaz de me ouvir ou me ver.

Tenho tantas coisas,
para no fim ser só eu, cru e nu.
E mais nada.

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