Letrados iletrados.

Conversava sobre os mais variados assuntos “político-sociais” com amigos de família, e dali surgiram os mais diversos – e bisonhos – discursos.

Segundo um dos presentes deveria haver para os “paraíba” (assim, sem s, sem respeito) uma lei de deportação: depois que eles nos fossem úteis nos canteiros de obras, o Estado deveria deportá-los para “terra perdida de onde vieram”. Qual não foi meu espanto quando me apresentaram tal teoria?
Chocada, conseguiram me impressionar ainda mais. Outra pessoa (se podemos chamá-los assim) complementou: “E lei de castração, porque eles não têm TV não somos obrigados a aguentar seus filhos ranhentos que eles mal podem cuidar. Além disso, são eles que superlotam nosso estado”.

Até agora, meses depois, fico me perguntando em que basearam suas teorias. Lembro-me vagamente de tê-los ouvido citar “o melhor do jornalismo”, “O Fantástico”. Porém, embora eu não o assista, muito duvido que de lá tenham surgido.

São essas as pessoas que batem no peito dizendo lutar por um país mais igual, ainda que munidas de um preconceito enorme, sem base e sem noção.
Basta que você estude o mínimo da história do país e verá o quão falha e ridícula são essas teorias, e embora tais pessoas digam-se letradas, vejo que o problema delas é realmente de educação. Não só essa educação que se ensina na escola, mas ainda mais, e principalmente, da educação que se tem em casa.

Somos brasileiros, imigrantes, emigrantes, mestiços, mulatos, branquelos... Com inúmeros e imensuráveis problemas, nosso país precisa realmente se consertar, mas não será com mais preconceito que o conserto se fará.

Sou neta de nortista/nordestinos, sou cabeça-chata, paraíba e disso muito me orgulho.

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