Ele não parou.

"Perdoa mãe, eu saí para transar e não aguentei (mas ele não parou).
Perdoa mãe, eu saí para rebolar e não tive força pra afastá-lo (mas ele não parou).
Perdoa mãe, eu saí para beber e quase inconsciente ainda disse não (mas ele não parou).
Perdoa mãe, eu saí para tirar fotos e distraída não o vi (mas ele não parou).
Perdoa mãe, eu saí para estudar e...
Eu saí para trabalhar...
para brincar...
Eu saí...
Eu nasci.

E ele não parou.

Perdoa mãe, eu vim menina.
Vim munida de vagina e dor
Vim assim, sem nenhum espaço
mas toda trabalhada no temor.

E ele não parou.

As mãos avançaram,
pegaram,
apertaram,
bateram,
maltrataram,
ME LEVARAM,
e ele nunca parou.

Não sei bem o que aconteceu,
mas eu vim assim e por algum motivo pensei que pudesse,
que quisesse,
que fosse,
que era...
Mas não era, não poderia ser.
Não aqui, onde tudo que temos é servir.

Perdoa mãe.
A culpa é minha se eu estava lá,
se não gritei o suficiente,
se não pensei em fechar as pernas,
se não suportei a dor,
Se ele não parou.

A culpa é minha se eu sou
MENINA
MULHER
FÊMEA.

Ele não parou."





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